A perda auditiva aumenta o risco de quedas em idosos e não afeta apenas a capacidade de comunicação, mas também compromete a mobilidade e o equilíbrio, tornando essa população mais suscetível a acidentes.
De acordo com um estudo recente publicado pela Johns Hopkins University, idosos com deficiência auditiva têm três vezes mais chances de sofrer quedas em comparação àqueles com audição normal.
Outro estudo divulgado pelo O Repórter Regional reforça essa estatística, destacando que para cada 10 decibéis de perda auditiva, o risco de quedas aumenta em cerca de 1,4 vezes.
Por isso, compreender como a perda auditiva interfere no equilíbrio é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de prevenção de quedas na terceira idade.
Como a perda auditiva afeta o equilíbrio e aumenta o risco de quedas em idosos?
O sistema auditivo e o equilíbrio estão diretamente conectados por meio do labirinto vestibular, localizado no ouvido interno.
Em outras palavras, o ouvido interno não atua apenas na audição, mas também desempenha papel essencial na manutenção da postura e da estabilidade.
Esse sistema é responsável por enviar informações ao cérebro sobre a posição do corpo e a estabilidade ao caminhar.
Quando há perda auditiva, a capacidade de interpretar esses sinais pode ser reduzida, comprometendo a coordenação motora e aumentando o risco de quedas.
Além disso, idosos com dificuldades auditivas tendem a se concentrar mais na audição do que na postura e nos movimentos corporais, tornando-se mais vulneráveis a tropeços e desequilíbrios.
Essa conexão explica por que a perda auditiva e quedas em idosos estão frequentemente associadas em estudos científicos.
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Estudos que comprovam a relação entre perda auditiva e quedas em idosos
Além disso, diversos estudos científicos reforçam a relação entre a perda auditiva e o aumento do risco de quedas em idosos.
- Pesquisa da Johns Hopkins University (EUA): demonstrou que idosos com deficiência auditiva são até três vezes mais propensos a cair do que aqueles com audição preservada.
- Dados do O Repórter Regional: apontam que o risco de quedas aumenta 1,4 vezes a cada 10 decibéis de perda auditiva, indicando que até mesmo uma perda leve pode afetar a estabilidade.
- Organização Mundial da Saúde (OMS): estima que cerca de 30% das quedas em idosos podem estar relacionadas à perda auditiva não tratada.
Diante desses dados, fica evidente que a avaliação auditiva deve fazer parte da rotina preventiva na terceira idade.
No entanto, muitos idosos demoram a perceber os primeiros sinais, o que aumenta o risco de quedas por falta de diagnóstico precoce.
Principais sinais de perda auditiva em idosos
Para reconhecer o problema precocemente, é importante observar sinais que indicam perda auditiva.
A identificação precoce da perda auditiva é essencial para evitar impactos negativos na mobilidade e na qualidade de vida dos idosos.
Fique atento a sintomas como:
- Dificuldade em acompanhar conversas, especialmente em locais barulhentos;
- Necessidade de aumentar o volume da televisão ou do rádio;
- Sensação de zumbido constante nos ouvidos;
- Dificuldade em identificar sons ambientes, como campainhas ou telefone tocando;
- Desorientação ou desequilíbrio frequente ao caminhar.
Caso esses sinais estejam presentes, é fundamental procurar um otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo para avaliação e, se necessário, iniciar o uso de aparelhos auditivos.
Estratégias para reduzir o risco de quedas causadas pela perda auditiva em idosos
A boa notícia é que há diversas formas de minimizar o risco de quedas em idosos com perda auditiva. Veja as principais:
1. Realizar avaliações auditivas regulares
Exames auditivos periódicos são fundamentais para detectar alterações precoces na audição e garantir um plano de tratamento adequado.
2. Uso de aparelhos auditivos
Atualmente, os dispositivos auditivos modernos melhoram a percepção sonora e o senso espacial, ajudando o idoso a reagir melhor aos estímulos do ambiente e, assim, a evitar quedas.
Além disso, além do benefício auditivo, esses dispositivos também promovem maior consciência ambiental, ajudando o idoso a se orientar melhor no espaço.
3. Adaptações no ambiente doméstico
Pequenas modificações podem fazer grande diferença para a segurança de idosos com perda auditiva:
- Instalação de pisos antiderrapantes;
- Iluminação adequada para evitar sombras e obstáculos invisíveis;
- Remoção de tapetes soltos e fios no caminho.
Além disso, é importante orientar familiares e cuidadores sobre os riscos relacionados à perda auditiva, promovendo uma rede de apoio mais ativa e consciente.
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4. Exercícios para equilíbrio e fortalecimento muscular
Práticas como fisioterapia, pilates, yoga e dança sênior ajudam a fortalecer os músculos e melhorar a estabilidade corporal, reduzindo o risco de quedas mesmo em situações de desequilíbrio auditivo.
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5. Estímulo ao engajamento social e cognitivo
A interação social ativa estimula o cérebro e a cognição, fatores que podem compensar parte das limitações auditivas e melhorar a consciência corporal.
Dessa forma, a prevenção deixa de ser apenas uma recomendação médica e se transforma em um compromisso diário com a segurança e a autonomia dos idosos.
Em síntese, a perda auditiva e quedas em idosos têm uma ligação direta, muitas vezes negligenciada.
Estudos mostram que a deficiência auditiva altera a percepção do espaço e afeta o equilíbrio, aumentando significativamente o risco de acidentes.
Por isso, é essencial que os idosos realizem avaliações auditivas periódicas, utilizem aparelhos quando indicados e adotem medidas preventivas no ambiente e na rotina diária.
Em resumo, cuidar da audição é também cuidar da autonomia, da segurança e da qualidade de vida na terceira idade.
VINICIUS VIEIRA MARTINS
Fisioterapeuta pela UFRJ
Mestre em Ciências Biológicas pela UFRJ
MBA em Gestão, Inovação e Serviços de Saúde pela PUCRS