Anemia em idosos e quedas: existe relação?

anemia como risco de queda em idosos

A anemia em idosos é uma condição comum e muitas vezes negligenciada, que pode afetar significativamente a saúde e a autonomia na terceira idade.

Quando não diagnosticada ou tratada adequadamente, essa condição pode contribuir para uma série de complicações entre elas, o aumento do risco de quedas.

Embora pareça uma conexão indireta à primeira vista, há diversos estudos que confirmam uma relação preocupante entre anemia em idosos e quedas.

Neste artigo, você vai entender como a anemia influencia a estabilidade física, quais são os mecanismos envolvidos nessa associação e como é possível prevenir acidentes graves com medidas simples, porém eficazes.

A Prevalência da Anemia em Idosos no Brasil

Antes de tudo, é importante destacar que a anemia é altamente prevalente entre idosos, principalmente nas faixas etárias mais avançadas.

De acordo com uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Epidemiologia, aproximadamente 10% dos adultos e idosos brasileiros apresentam anemia.

Os índices são ainda mais altos entre idosos institucionalizados podendo ultrapassar 38% em algumas regiões do país.

Além disso, a anemia tende a ser mais comum entre mulheres, pessoas de baixa escolaridade e moradores das regiões Norte e Nordeste.

Isso mostra que, além da questão clínica, fatores sociais e demográficos também influenciam a prevalência da condição.

Quedas em Idosos: Uma Realidade Alarmante

Em paralelo, as quedas em idosos representam uma das principais causas de hospitalizações e perda de independência funcional no Brasil.

Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 25% dos idosos residentes em áreas urbanas caem pelo menos uma vez ao ano. Esse número aumenta significativamente entre aqueles com mais de 80 anos, atingindo a marca de 40%.

É importante ressaltar que, além das consequências físicas como fraturas e lesões , as quedas podem gerar traumas emocionais, como o medo de cair novamente.

Esse ciclo pode levar à redução da mobilidade e à piora da qualidade de vida do idoso, criando um efeito dominó difícil de reverter.

Leia também: Fraturas em idosos estão ligadas a quedas frequentes

Existe Relação Entre Anemia em Idosos e Quedas?

Sim, e não por acaso, cada vez mais estudos apontam para uma ligação direta entre anemia em idosos e quedas.

Isso porque, quando há redução na capacidade do sangue de transportar oxigênio para os tecidos inclusive músculos e cérebro, diversos sistemas do corpo são afetados de forma simultânea.

Consequentemente, o idoso pode desenvolver uma série de sintomas que, em conjunto, elevam substancialmente o risco de acidentes.

  • Fraqueza muscular;
  • Fadiga constante;
  • Tontura ao se levantar;
  • Confusão mental ou lentidão cognitiva.

Todos esses fatores, de forma isolada ou combinada, aumentam consideravelmente o risco de quedas.

Um estudo publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva mostrou que há correlação entre baixos níveis de hemoglobina e comprometimentos cognitivos em idosos, o que também pode afetar o equilíbrio e a coordenação motora.

Além disso, a anemia está frequentemente associada à síndrome de fragilidade, uma condição geriátrica caracterizada por perda de força, velocidade de marcha reduzida, perda de peso não intencional e baixa resistência. Esse estado de vulnerabilidade torna o corpo menos capaz de reagir a desequilíbrios ou obstáculos no ambiente.

Por Que Essa Associação É Tão Preocupante?

O mais preocupante é que, em muitos casos, a anemia não apresenta sintomas evidentes no início.

Isso faz com que ela passe despercebida por familiares e até por profissionais de saúde. Consequentemente, o risco de quedas pode aumentar silenciosamente, sem que nenhuma intervenção preventiva seja aplicada a tempo.

Além disso, o idoso com anemia pode ter dificuldade em realizar atividades cotidianas, como levantar da cama, caminhar longas distâncias ou subir escadas tarefas que exigem força e equilíbrio.

A cada episódio de tontura ou fraqueza, o risco de um acidente aumenta, especialmente em casas que não estão adaptadas para essa realidade.

Como Prevenir Quedas Relacionadas à Anemia em Idosos?

Diante desse cenário, é fundamental adotar uma abordagem preventiva e multidisciplinar. A seguir, estão algumas recomendações práticas que podem fazer a diferença:

1. Diagnóstico precoce

A realização de exames periódicos é indispensável para detectar a anemia em idosos ainda em estágios iniciais. Muitas vezes, a condição está ligada a deficiências nutricionais, como a falta de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico.

Um simples hemograma pode revelar alterações nos níveis de hemoglobina que justificam uma investigação mais aprofundada.

2. Alimentação equilibrada

Uma dieta rica em ferro, vegetais verde-escuros, carnes magras e leguminosas pode ajudar a prevenir ou tratar casos leves de anemia.

Além disso, a suplementação pode ser indicada por um profissional de saúde, dependendo da causa da anemia diagnosticada.

3. Fortalecimento muscular e equilíbrio

Exercícios físicos regulares, com foco em fortalecimento e equilíbrio, ajudam a melhorar a estabilidade corporal. Isso reduz o risco de quedas mesmo quando o idoso enfrenta sintomas como cansaço ou tontura. Atividades como caminhada, fisioterapia ou pilates para idosos são excelentes opções.

4. Avaliação dos medicamentos

Certos medicamentos utilizados com frequência por idosos podem agravar a anemia ou provocar efeitos colaterais que elevam o risco de quedas.

Por isso, revisar periodicamente os remédios com o médico é essencial para evitar interações prejudiciais.

Confira mais sobre os Medicamentos que Aumentam o Risco de Quedas em Idosos: Principais Grupos e Cuidados

5. Adaptação do ambiente doméstico

Mesmo com todos os cuidados clínicos, um ambiente mal adaptado pode anular os esforços de prevenção.

Tapetes escorregadios, degraus sem corrimão, iluminação insuficiente e obstáculos no caminho devem ser eliminados ou corrigidos.

A relação entre anemia em idosos e quedas é real, documentada por estudos e extremamente relevante para quem cuida de pessoas na terceira idade.

Por isso, não se trata apenas de uma coincidência clínica: os efeitos da anemia sobre o corpo e a mente do idoso criam um terreno fértil para quedas e suas graves consequências.

Portanto, identificar a anemia precocemente, tratar suas causas e ajustar o ambiente doméstico são passos fundamentais para preservar a saúde, a segurança e a autonomia dos idosos.

Leita também: Como deixar a casa segura e evitar queda em idosos

Diante de todos esses fatores, fica evidente que a relação entre anemia em idosos e quedas não deve ser subestimada. Embora nem sempre seja percebida de imediato, essa conexão impacta diretamente na autonomia e na segurança da pessoa idosa.

Por esse motivo, é fundamental que cuidadores, familiares e profissionais da saúde fiquem atentos aos sinais clínicos, mesmo quando discretos. Além disso, é preciso entender que a anemia não é apenas uma condição hematológica: em idosos, ela influencia o equilíbrio, a disposição física e até mesmo o estado cognitivo.

Como resultado, o risco de quedas se torna muito mais elevado do que se imagina. Portanto, agir de forma preventiva é indispensável para garantir qualidade de vida e bem-estar na terceira idade.

Teste de risco de queda em idoso

VINICIUS VIEIRA MARTINS
Fisioterapeuta pela UFRJ
Mestre em Ciências Biológicas pela UFRJ
MBA em Gestão, Inovação e Serviços de Saúde pela PUCRS

Conteúdo com validação profissional

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Responsáveis técnicos

Vinícius Vieira Martins
Fisioterapeuta, administrador e mestre em Ciências Biológicas (UFRJ). CEO da CHECKUP FISIO, mentor de carreira de fisioterapeutas e ex-supervisor do Hospital Copa Star. Especialista em gestão em saúde, inovação e desenvolvimento de modelos sustentáveis de atendimento fisioterapêutico.

Prof. Dr. Palmiro Torrieri Jr.
Fisioterapeuta (CREFITO 6919-F), Osteopata D.O. Honoris, Instrutor Internacional do Conceito Mulligan®, professor do IBO e consultor científico da CHECKUP FISIO. Com mais de 40 anos de experiência, é referência em avaliação funcional, prevenção de quedas e reabilitação musculoesquelética no Brasil e na América Latina.

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